Sabe quando você gosta muito de duas coisas (no meu caso de duas atividades profissionais) e de repente se vê numa encruzilhada, obrigada a deixar uma delas? Era assim que eu estava me sentindo até pouco tempo atrás, quando mais uma vez coloquei minha vida na balança pra repensar o rumo que ela estava tomando. Nesta encruzilhada, fiquei diante de dois caminhos: dos biscoitos e da fotografia. Levar as duas atividades em paralelo, da forma como eu vinha fazendo, não dava mais.
Sou centralizadora, perfeccionista e gosto de estar na produção. Ou seja, habilidade zero pra administrar a sobrecarga de trabalho na cozinha, mesmo contando com a superajuda da minha querida mãe. Não sou visionária, nem empreendedora. Não tenho afinidade com a administração de negócios para lidar com o crescimento deste doce mundo. E confesso que não me agrada a ideia de procurar alguém que o faça por mim.
Meu coração fica aflito quando me dizem que tenho que pensar em financiamentos, investidores, lojas, franquias, industrialização e outros formatos mega comerciais. E se o meu coração fica aflito é porque este não é o caminho.
Pra mim o encantamento está na poesia da pequena produção, ou seja, nos cuidados com cada detalhe e no processo artesanal. Mas infelizmente, o dom de transformar essa poesia numa atividade rentável eu não tenho. Posso afirmar porque já tentei.
Hora de dar espaço à fotógrafa
Em contrapartida, há algum tempo eu vinha recusando alguns
trabalhos com a fotografia (atividade que também é uma paixão) para dar conta da demanda na cozinha. E quando isso começou a ficar constante, me vi na tal encruzilhada e pensei: chegou a hora de tomar uma decisão. Mais uma vez.
Coincidentemente, neste momento surgiu a oportunidade de eu passar pela mentoria da fotógrafa
Luciana Prado, uma das profissionais que mais admiro no segmento em que atuo (fotografia de grávidas, crianças e família). Fiquei um mês em curso particular e intensivo focado nas minhas necessidades no que diz respeito à linguagem, à técnica e ao mercado. Com o coração mais feliz e empolgado, agora (e por enquanto), tenho certeza de que este é o caminho que devo seguir. Consciente do tempo e esforço que preciso dedicar a esta atividade.
O caminho do meio
Com isso não estou decretando o fim do Doce mundo de Lili. Confesso que me dói o coração ao pensar na possibilidade de simplesmente parar com tudo. Não foi por acaso que demorei tanto a postar algo por aqui. Aliás, acho que nunca pensei tanto antes de comunicar algo. Eu estava procurando um caminho do meio e graças à Grace, da
WA Mercearia, encontrei.
A Grace segue a mesma linha de pensamento que sigo quando o assunto é o valor à pequena produção e às pessoas. E com isso, nossa relação só se fortalece cada vez mais. É até difícil de explicar, mas quem visita a WA consegue entender o significado dos biscoitinhos na loja. Consegue ver que esse é um fornecimento que ultrapassa a satisfação com as boas vendas. Existe uma magia no ar que envolve alegria, amizades e histórias.
Por isso tudo, semanalmente continuarei fornecendo biscoitinhos para a WA. Por conta da fotografia, diminuirei a demanda, mas a loja nunca ficará desabastecida. Provavelmente, serão até três sabores por semana com divulgação antecipada pela
fan page do Doce mundo de Lili.
E os cupcakes e biscoitos decorados?
Farei apenas eventualmente para ações especiais em parceria com a WA Mercearia. Para encomendas, principalmente de festas, conto com um grupo de amigas doceiras super supimpas para indicar. Quem tiver interesse é só me enviar um e-mail que eu passo as recomendações.
Life is about creating yourself
Agora, já que este post ficou longo mesmo, aproveito pra finalizar dizendo algo que talvez acenda uma luz dentro de você também. Diante de tantas idas e vindas, mudanças, decisões constantes e principalmente da impressão de que muito se faz pra não sair do lugar, um dia ouvi:
"te admiro muito porque nunca vi alguém tentar tanto por tantas vezes, nunca conseguir e mesmo assim continuar tentando". Isso era pra ser um elogio, eu acho, mas confesso que fiquei bem arrasada e que por alguns dias acreditei que realmente sou um fracasso. Fiz cara de paisagem e, mesmo "fracassada", segui em frente matutando novas mudanças.
Pouco tempo depois, chegou de outra pessoa uma mensagem que me ajudou a ter convicção naquilo que eu estava me condicionando a pensar:
"Sobre derrotas, há uma frase que define minha posição: Life isn´t about finding yourself. Life is about creating yourself. Você recria a você, seus planos e seu percurso constantemente. O que mais se pode desejar?"
É isso. Não sou. Estou.
Agora, mais fotógrafa do que doceira ;)